Friday, June 15, 2007

Retrato de um Centro


O choque térmico é inevitável. O ar bate em sua face, fazendo-o sentir a forte humidade que perdura no ambiente. Consegue ouvir lá embaixo um "tecnobrega" tocando alto por um camelô que tenta vender seus cd's piratas. Pisa no elevador e aperta o botão do térreo, sentindo o ambiente ficar mais abafado e a agonia agora cortando seu corpo. Como todos os dias, maldiz o calor da cidade, sem solução, contudo. vai lá fora, no comércio que fede a mofo. Caminha agora com o sol escaldante torrando sua nuca e fazendo-o maldizê-lo também. Desvia das pessoas com pressa. Esbarra em uma, que olha torto. A velha senhora negra pede-lhe um trocado. É negado, devido a pressa, se estivesse com calma daria até. Passa em frente a loja com cheiro de mofo. Olha para dentro. Vê a face irritada e faminta das vendedoras que anseiam pelo intervalo. Começa a suar e irritar-se ainda mais. O calor deixa-o ansioso e agoniado. Dá meia volta pois entrou em uma esquina errada. Sente o cheiro do tacacá de uma barraquinha entranhar em suas narinas e fazer lembrar a fome que clama em seu estômago. A decepção chega rápido e quase faz voltá-lo. Pergunta à outro camelô, que passa-lhe uma informação meia-boca de forma mal educada. Maldiz o camelô agora. Por fim acha o que procurava. Sentindo a camisa colar em seu corpo, devido ao suor. Pede o fone. Trinta reais. Pago. Volta, satisfeito. Liga o Mp3 player. Testa, tudo ok. Sente o ar-condicionado. O cheiro do cigarro no ar. O alívio. O descanso.

2 comments:

thiago ribeiro. said...

grande texto léo...

NO PROBLEM...

abraços meu amigo.

Anonymous said...

Interesting to know.